Descubra a Rua XV de Novembro
03/07/2019
A XV de Novembro é uma das primeiras ruas de Curitiba e trouxemos algumas curiosidades sobre ela.
E quem vê os pedestres que vão e vêm, apressados, na correria do dia a dia, não imagina quantas surpresas e curiosidades essa rua esconde! Então, olhe em volta! Se prepare para mergulhar em séculos de história em um só passeio. Vamos lá?
Calçadão da Rua XV
O calçadão da Rua XV de Novembro foi a primeira rua da cidade reservada apenas aos pedestres. Os carros deixaram de transitar, aqui, em 1972. Foram seis meses de planejamento. Mas a rua ficou pronta em um final de semana apenas! Você sabia?
Calçadão da XV de Novembro. Foto: Pedro Ribas / SMCS
A pressa tinha motivo: na época, o número de carros crescia sem parar e o comércio bombava na região. A prefeitura quis evitar protestos e problemas com os comerciantes e moradores, acostumados com o movimento intenso no local.
Mas deu tudo certo! As cinco quadras foram tomada pelo petit-pavè. A Rua das Flores, como também ficou conhecida, enfeitada com canteiros e árvores, é hoje um trajeto lindíssimo que leva os visitantes da Praça Osório à Praça Santos Andrade, passando por outros pontos importantes da capital.
Petit-Pave. Calçadão da XV. Foto Daniel Castellano
E em cada cantinho do calçadão, descansa um pouquinho da história curitibana. Ela está no relógio da Praça Osório, de 1914, que por anos foi a “hora oficial” da cidade.
Relógio do calçadão. Foto Daniel Castellano
Está nos detalhes arquitetônicos, de diversas épocas, e lojas que entraram para a história da cidade, como a Confeitaria das Famílias, que atende desde 1945, ou a Casa Edith, que vende chapéus e outros acessórios desde 1925. E até no bondinho, que já transportou os curitibanos, mas hoje abriga uma linda biblioteca!
Biblioteca em plena Rua XV. Foto: Divulgação
Uma avenida em miniatura
Você sabia que uma das menores avenidas do mundo fica em Curitiba? É a charmosa Avenida Luiz Xavier. Ela tem 145 metros apenas!
A avenida vai da rua Ébano Pereira e termina na Praça Osório. Apesar de não haver registro oficial de que ela seria a menor avenida do mundo ou do Brasil, a pequena Luiz Xavier é uma lenda em Curitiba.
Menor Avenida de Curitiba. Foto: Mariana Ohde
Ela foi criada no começo do século 20 e batizada com o nome do prefeito Luiz Antônio Xavier, que cumpriu mandato entre 1900 e 1907. O nome foi escolhido em 1911, quando ele ainda era vivo. Em 1930, por causa de desentendimentos políticos, a rua passou a se chamar Avenida João Pessoa, a pedido de Getúlio Vargas, e assim foi por 20 anos. O nome de Luiz Xavier foi adotado novamente apenas em 1951.
Foto: Mariana Ohde
É na Avenida Luiz Xavier que fica a chamada Boca Maldita, um trecho do calçadão da Rua XV que ficou famoso por ser palco de atos políticos ao longo da história. É onde os curitibanos costumam se reunir, também, para bater aquele papo, especialmente os idosos. Nela também ficam marcos da cidade, como o Edifício Garcez, de 1929, primeiro arranha-céu da cidade, que abrigou o Cine Palácio.
Boca Maldita . Foto Daniel Castellano
Palácio Avenida
Ele se destaca no calçadão da Rua XV. O Palácio Avenida foi construído no início do século 20 e já abrigou inúmeras lojas, empresas e até um cinema.
O projeto foi de um comerciante libanês: Feres Merhy. A obra ficou pronta em dois anos e passou a ser sede do cinema de rua Cine-Theatro Avenida, do Restaurante Guairacá, de lojas, escritórios e apartamentos residenciais.
Palácio Avenida. Foto: Ricardo Marajó
Anos depois, a construção foi abandonada e só foi resgatado em 1974, quando foi comprada pelo Bamerindus. Em 1980, o presidente do banco, José Eduardo de Andrade Vieira, iniciou o projeto de restauração. A fachada foi mantida e a parte interna modernizada.
O Palácio foi reaberto em 1991, mesmo ano que foi realizada a primeira apresentação de Natal que se tornou cartão postal da cidade. Até hoje, o Natal do Palácio Avenida encanta moradores e vistantes no final de ano!
Palácio Avenida. Foto Daniel Castellano
Plano Agache
Nos anos 40, como parte de um projeto de planejamento urbano para Curitiba, o urbanista Alfred Agache idealizou um sistema radial de vias ao redor do Centro. Nele estavam vias como a Visconde de Guarapuava, Sete de Setembro e Marechal Floriano Peixoto.
E estavam nos planos, também, as galerias da Rua XV de Novembro. Elas são recuos obrigatórios no primeiro andar de alguns dos edifícios, que costumavam abrigar as lojas mais sofisticadas da cidade. Hoje, seguem protegendo os comércios e pedestres do clima chuvoso da capital, e se tornaram um marco arquitetônico da cidade.
Foto: Pedro Ribas / SMCS
Entre as mais famosas, estão a Galeria General Osório, em um edifício construído ainda no século 19! Tem também a galeria Tijucas, com mais de 60 anos, e a galeria Suissa, que teve sua primeira loja na década de 20. Além dos comércios, elas escondem restaurantes e serviços variados, que vão de cartórios e consultórios.
Galeria Tijucas. Foto: Mariana Ohde
O Plano Agache também definiu outros locais importantes para a capital, entre eles, o Parque Barigui e o Viaduto do Capanema, o primeiro de Curitiba. O “plano das avenidas”, como também ficou conhecido, definiu ainda setores para a cidade, como o Centro Politécnico, um dos campus da Universidade Federal do Paraná, e o Centro Cívico, onde ficam as sedes dos governos municipal e estadual.
Foto: Mariana Ohde
Petit-Pavés
Essas charmosas pedrinhas são uma das marcas mais fortes da capital. Elas chegaram aqui nos anos 20, baseadas na técnica dos mosaicos portugueses com basalto e calcário. Cada metro quadrado, para se ter uma ideia, leva até 300 pedras!
Rua Petit Pavè Foto: Joel Rocha / SMCS
As calçadas de petit-pavè foram encomendadas por Cândido de Abreu, prefeito da capital entre 1913 e 1916. Quando a Rua XV se tornou um calçadão, na década de 70, diz-se que caminhões de pedrinhas foram descarregados no local em uma sexta-feira. No domingo, a calçada estava pronta, trazendo símbolos geométricos que imitam ícones da cidade, como os famosos pinhões.
Agora que você já conhece um pouco melhor essa rua incrível!