Curitiba e seus 327 anos de histórias curiosas.
07/03/2020
Locais para conhecer em Curitiba com histórias curiosas .
É claro que por lá estão boa parte das lembranças e memórias mais antigas da cidade, e também alguns fatos curiosos que nem todo mundo conhece.
Quem nunca passou pela Praça Garibaldi e ficou de boca aberta olhando o Palácio (1887) que deu nome à praça? Que ele é grande, pomposo e funciona até os dias atuais como locação para eventos todo mundo sabe, mas você sabia ? Que o local demorou 17 anos para ser construído e que já foi sede do Tribunal regional Eleitoral e do Palácio da Justiça você sabia?
Para dentro dos portões, além de lustres enormes e adornos dourados é possível também encontrar no pátio da edificação, uma pedra de cerca de dois metros de altura que chama a atenção. Ela veio diretamente da Itália, extraída do Monte Grappa, e trazida como recordação. Ainda reza a lenda que ela foi transportada de carroça do Porto de Paranaguá até Curitiba.
Um italiano no centro de Curitiba. Foto: Rede Empresarial do Centro Histórico de Curitiba
Ainda no Centro Histórico fica a construção mais antiga da cidade, a Casa Romário Martins é uma edificação simples e que passa despercebida pelos muitos olhares que circulam na região, especialmente aos domingos na Feira do Largo da Ordem. Com apenas um andar e estilo português, ela foi construída toda em alvenaria de pedra e passou de açougue e armazém de secos e molhados para museu. E bem legal, fazer uma a visita guiada e subir as escadas íngremes que dão aceso ao sótão. Apesar das constantes restaurações, é possível perceber peças de madeiras mais “gastas”. Essas são as originais do século 18.
Um dos últimos exemplares da arquitetura portuguesa em Curitiba. Foto: Rede Empresarial do Centro Histórico.
E se você pensa que apenas no Centro Histórico dá para conhecer melhor o passado de Curitiba, se engana. É justamente em uma região moderna, recheada de bares e jovens que estão muitas memórias. Isso mesmo, estamos falando do bairro Batel. Na região estão instaladas até os dias atuais algumas mansões pertencentes aos Barões da Erva-Mate.
A maior parte dos “ervateiros” construiu suas residências e engenhos nessa região porque era o primeiro ponto de parada na capital das mulas que chegavam carregadas do interior do estado. A Comendador Araújo era uma das principais ruas.
Manuel e Ascânio Miró viveram ali, em palacete atrás do Shopping Crystal. Hoje, a casa pintada de azul e branco, destaca-se na paisagem urbana com seus traços diferenciados.
E essa era a ideia: os Barões do Mate queriam construir palacetes inspirados em suas viagens à Europa, inclusive com móveis e acessórios de decoração trazidos de lá. Quem nunca disse que Curitiba é a cidade mais europeia do Brasil?
Palacete Ascânio Miró Foto: Divugação
Shopping Curitiba e Maria Bueno
Que o Shopping Curitiba era um quartel todo mundo sabe, mas que o muro da sua porta de entrada lateral servia para local de execuções por pelotões de fuzilamento, talvez nem todos saibam. Ali foi fuzilado Inácio Diniz, algoz da idolatrada Santa Maria Bueno.
Conta a história que em uma noite que Diniz estava no quartel, Maria Bueno, que adorava dançar, queria ir ao baile. Mesmo contra a vontade do namorado e de uma bela discussão, Maria foi dançar. Após o serviço, o homem foi espionar Maria Bueno no baile e enciumado matou a moça no caminho dela para casa, degolando-a. Isso foi na madrugada de 29 de janeiro de 1893. O crime abalou a cidade da época.
Diniz foi preso e julgado por um júri popular, do qual, tomaram parte figurões da Curitiba de então, e ele foi absolvido por unanimidade. Na revolução Federalista de 1894, Diniz teve seu troco. Foi fuzilado pelo Exército na tal parede do atual Shopping Curitiba.
Onde era o Quartel agora é o Shopping Curitiba. Foto: arquivo.
O Pelourinho de Curitiba
Logo atrás do Paço da Liberdade de Curitiba, tem o Mercado das Flores, local onde funcionava o Mercado Municipal da cidade. Ali eram comercializados escravos e por esse motivo, onde foi instalado o Pelourinho da Cidade no ano de 1668. O pelourinho foi uma exigência de Portugal para o povoado de então se tornar a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e mais tarde a cidade de Curitiba. Os negros foram mão de obra fundamental na construção de Curitiba, tendo trabalhado nas calçadas e ruas de pedras em matacões que até hoje perduram no largo da ordem, além de grandes construções históricas. O comércio de escravos foi derrubado na emancipação política do Paraná em 1853.
Primeira imagem de Curitiba retratada pelo artista Debret mostra um escravo trabalhando no calçamento da cidade. Imagem reprodução da tela de Debret.
Para conhecer a cidade pelos bares, empórios antigos e armazéns
A história de muitos botecos da cidade nasceu justamente com essas origens. E é assim que começamos nossa descoberta através dos botecos.
Armazéns ou botecos?
Na categoria armazéns, tem dois botecos com mais cara de vendinha de antigamente do que bar. No norte da cidade fica o Casa Velha. Fundado em 1928, hoje ele é tocado pelo Seu Fernando, dona Rosane e o filho Augusto. Não deixe de escolher uma mesa bem localizada, perto do balcão com aquela vista para a estufa de salgadinhos e experimente os petiscos criados pela família como o bolinho de carne recheado com provolone, que já foi inclusive premiado.
O bolinho de carne com provolone é quase um ponto turístico no bar Casa Velha. Foto: Beto Eterovick.
Casa Velha| R. Mateus Leme, 5981 |Abranches | Telefone: (41) 3354-4050 | Facebook Casa Velha Bar
No outro extremo da cidade, no sul de Curitiba, está o Armazém Santa Ana. Desde 1934 em funcionamento foi um ucraniano danado de esperto que criou esse espaço. A decoração tem tudo que você pode imaginar: panela, penico, queijos, salames, tamancos de madeira e muito mais. Curitibano ou visitante, não deixe de prestigiar o famoso pão com bolinho, patrimônio da cidade tanto quanto o Armazém Santa Ana.
Famoso Pão com Bolinho. Foto Facebook
Armazém Santa Ana| Av. Senador Salgado Filho, 4460 -|Uberaba | Telefone: (41) 3024-5320 | Site Armazém Santa Ana
Patrimônios curitibanos
Outro boteco cheio de história é o Bar Stuart, fundado em 1903. Curitibano que é curitibano já passou por lá com certeza – e mais de uma vez – e turista que é turista também não deixa de dar uma passadinha por lá quando está no centro da cidade. O Stuart é o segundo bar mais antigo do Brasil e mantém a tradição que o fez famoso: atendimento personalizado pelo famoso Nelson, bebidas raras, pratos exóticos e bem elaborados.
A atração principal são os testículos de touro. Dizem os curiosos que ele inclusive tem poder afrodisíaco. O cardápio do bar oferece ainda outras opções exclusivas, como carne de onça, coelho a passarinho, bucho ao molho, sanduíche de pernil, codorna e as famosas empadinhas. Consulte sua vontade, peça um chope e chame os amigos.
Todo curitibano que se preze já passou por lá: Stuart. Foto: Divulgação.
Bar Stuart| Praça Gen. Osório, 427 |Centro | Telefone: (41) 3323-5504
O Bar Palácio é de 1930 e até hoje conserva os letreiros de neon e os cartazes que convidam o cliente a fazer uma “encommenda” de leitão assado “no especto giratório”. Para quem não sabe, ele era vizinho do palácio do governo, então por isso o nome. A atmosfera simples e descontraída faz todos quererem voltar muitas vezes para experimentar as mais de 100 opções do cardápio.
Se for a sua primeira visita não deixe de provar o Churrasco Paranaense servido com arroz, farofa e salada de cebola (R$ 46,60), uma das especialidades da casa, assim como o mignon à griset (mignon feito na manteiga, acompanhado de batata griset – em formato de bolinhas e fritas, ervilhas e arroz). O cardápio também conta com opções de massas e frutos do mar, além de sobremesas.
O antigo e o novo se confundem no Bar Palácio. Foto: Carolina Corção.
Bar Palácio| R. André de Barros, 500| Centro | Telefone: (41) 3222-3626
Ao estilo americano
É o caso da lanchonete Kharina. Foi a primeira lanchonete ao estilo americano na cidade, fundada no auge dos anos 70. No início com serviço “serv-car”, reunia os jovens ávidos para saborear os Milk-shakes, hambúrgueres e batatas fritas que viam nos filmes de Hollywood. A primeira lanchonete do Jardim Botânico, inspirada nos “drive-in” americanos, existe até hoje, hoje já moderna e com uma rede de lojas em Curitiba. É um dos lugares preferidos para um lanche em família.
Muitos pratos continuam os mesmos, como o hambúrguer aberto, que é uma baita refeição com tudo de gostoso: pão de hambúrguer, carne de hambúrguer (ou com opções de mignon e frango em tiras), salada, picles, bacon, maionese e uma bela porção de batatas fritas. Os Milk-shakes pioneiros também são uma delícia e ótima pedida para acompanhar.
Dica MCities: A sede do Cabral é super moderna e possui uma área kids super bacana. A melhor opção para família com crianças. O ambiente é agradável e tem mesas bem próximas deste espaço o que facilita tudo.
Lanchonete Kharina foi a primeira serv-car da cidade fundada em 1975. Foto: arquivo.
Endereços:
Kharina Jardim Botânico | Av. Prefeito Omar Sabbag, 365 |Jardim Botânico | Telefone: (41) 3029-1449
Kharina Cabral | R. Dep. Joaquim José Pedrosa, 13 | Cabral | Telefone: (41) 3352-8661 Site do Kharina
Churrasco do bom
Para quem gosta de carne, faz parte da tradição curitibana o alcatrão orelha de elefante. E um lugar que serve essa maravilha desde 1950 é a Churrascaria Ervin e, até hoje, é super popular. É melhor ir cedo para garantir uma mesa no almoço, pois invariavelmente a casa está cheia. O lugar é simples, ainda gerido pela família e sempre frequentado por curitibanos de diferentes gerações.
No cardápio você escolhe o corte de carne de sua preferência: filé com mignon, alcatra, contrafilé, etc, e que vem acompanhado de salada, arroz, maionese, farofa e também pepininho azedo feito pela casa. Uma cerveja gelada para completar e o almoço está servido! Abre de terça a sexta-feira das 11h30 às 14h e finais de semana das 11h às 15h30.
Dica MCities: Vale a pena dar uma olhada nas paredes do restaurante. Ali tem fotos antigas, de gente famosa que já passou por lá e também um desenho do Ziraldo.
Para ir sabendo: Nem sempre o lugar foi churrascaria. Começou como bar e sorveteria em 1947, sonho do Seu Ervin Ofner. Como surgiu na Mateus Leme (onde está até hoje), o local era via de viajantes. Então, Dona Adelaide, esposa de Seu Ervin, assumiu a cozinha para servir um “sortido”, prato de comida caseira aos carroceiros e caminhoneiros. Pouco tempo depois virou a tradicional Churrascaria.
A Churrascaria Ervin viu o asfalto chegar na Mateus Leme. Foto: arquivo.
Endereço: R. Mateus Leme, 2746 – Centro Cívico | Telefone: 41 3252-5347 | 3076-5348 | Site do Ervin
Frutos do Mar
Frutos do Mar em Curitiba é sinônimo de Bar do Victor, não é? Mas também nem sempre foi assim! Também foi um bar, fundado pelo Seu Victor Schiochert em 1955, chamado Bar Primavera, que aproveitou a prosperidade da região da Rua Mateus Leme. Servia casquinhas de siri, bolinhos de camarão e pratos com peixe.
O grande movimento do bar incomodava um figurão que morava próximo e esse cidadão propôs uma troca de terrenos com o Victor. Por isso hoje ele está localizado na rua transversal à Mateus Leme. Lá, a propriedade era cinco vezes maior e o Bar do Victor ganhou um enorme barracão. Continuou simples, com lonas fechando as laterais e caixas de tomates para os clientes sentarem, quando faltavam cadeiras.
Hoje o Bar do Victor continua no mesmo local, em uma casa bonita e aconchegante. Ganhou outras unidades com o Bistrô do Victor e o Píer do Victor conduzidos pelo Chico Urban e equipe com muitos integrantes ainda da época do Sr. Victor que faleceu em 2003.
Dica MCities A moqueca do Victor é imperdível, mas entre os frequentadores há que prefira o Bacalhau à Zanoni, elaborado pela Chef Eva dos Santos em homenagem a um jornalista. Leva bacalhau, azeitonas pretas, ovos cozidos, crocante de alho poro e cebola regado com azeite. Deu água na boca?!
Sr. Victor com suas porções com frutos do mar. Foto: arquivo.
Endereço: R. Lívio Moreira, 284 | São Lourenço | Telefone: (41) 3353-1920 | Site do Victor
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